30 setembro 2007

Visita à Casa João Cidade

No dia 20 de Setembro de 2007 foi realizada, em nome do Leilão Mão-a-Mão, a visita à Casa João Cidade, em Montemor-o-Novo, com o intuito principal de entregar o donativo por nós obtido no leilão de Fevereiro (ver foto do recibo). Mas este objectivo foi largamente superado, devido à recepção calorosa dos seus responsáveis, representados pela Coordenadora, Dra. Pascale Millecamps, que nos agradeceu e felicitou pela iniciativa, fazendo questão de nos mostrar as instalações e de nos explicar melhor em que consiste a sua instituição.

Assim, a Associação Comunidade Sócio-terapêutica Casa João Cidade, ou mais simplesmente Casa João Cidade (CJC), é uma Associação Particular de Solidariedade Social, portanto sem fins lucrativos, que tem por objectivo construir e manter em funcionamento em Montemor-o-Novo uma comunidade sócio-terapêutica destinada a jovens e adultos com deficiência mental. A CJC é formada por um grupo de cidadãos montemorenses por nascimento ou adopção, atravessando literalmente todos os estratos sociais, profissionais, políticos e religiosos da cidade. De professores a funcionários, de médicos a autarcas e artistas, passando pelas mais diversas profissões, o que une este grupo tão díspar é a convicção profunda de que o bem estar dos deficientes mentais de uma comunidade é algo que diz respeito, em primeiro lugar, à própria comunidade e que a solidariedade é algo que se faz, metendo mão à obra. A Associação dá especial ênfase ao acolhimento de deficientes mentais profundos, dado que é o grupo alvo mais desprotegido e para o qual as estruturas de apoio nesta área geográfica são mais insuficientes.

Para explicar brevemente em que consiste este sistema de “Sócio-terapia curativa”, há-que dizer que, ao contrário do que o nome pode sugerir, é um sistema com muito pouco de “terapêutico”, no sentido clínico do termo. É antes um sistema em que a pessoa com deficiência assume um papel central e determinante na gestão da sua vida. Numa comunidade sócio-terapêutica o deficiente mental deixa de ser o utente da instituição para passar a ser o dono da sua casa, a casa onde vive com a sua família. É à volta desta família, formada por um grupo de deficientes mentais que vive e gere a sua casa, na companhia de pais adoptivos que vivem com eles nas 24 horas de cada dia, que se ergue todo o edifício da sócio-terapia. É aqui que o deficiente, na medida das suas possibilidades, aprende a assumir tarefas e responsabilidades, sejam tarefas domésticas rotineiras ou actividades lúdicas ou produtivas, mas que implicam sempre uma entreajuda e partilha que se torna o fulcro da vida em comunidade.

Este foi o primeiro projecto, nascido em 2002 – o da Casa João Cidade – que com muito esforço e apesar das poucas ajudas, já está contruída e (quase) pronta a entrar em funcionamento. A outra vertente do projecto CJC é o das “Oficinas” ou Ateliers inclusivos para pessoas deficientes e não deficientes. Estas abordam a Arte nas suas diversas formas de expressão, como meio privilegiado de comunicação, tendo sempre em conta os desejos e competências de cada indivíduo. Versam quatro áreas temáticas: Área do Fogo (cerâmica, moldagem, escultura, fundição, joalharia, vidro), Área das Fibras (pintura, fiação, tintagem, tecelagem, tapeçaria, confecção de roupas), Área Alimentar (cozinha, padaria, pastelaria, doçaria, conservas, culinária) e Área Verde (jardinagem, horticultura, capoeira, agricultura biológica). A reciclagem é um tema transversal a todas as áreas. Além destas áreas de expressão eminentemente plástica e de ar livre, desenvolvem-se também projectos na área do teatro, da música ou da expressão corporal.

Foram já realizadas na sede da Associação e no exterior várias Oficinas / Ateliers, nomeadamente sobre “Sabões Artesanais” e “Compostagem”, com a participação de várias famílias, de que se apresentam fotografias. Estão previstas para o mês de Outubro duas oficinas subordinadas aos temas “Uma Imagem, Mil Linguagens” (20 de Outubro de 2007) e “ Massagem Solidária” (27 de Outubro de 2007) – todas as informações em
www.joaocidade.com ou através do mail joaocidade@gmail.com. Mostram-se ainda imagens da Casa João Cidade, que ainda não está a funcionar como comunidade, necessitando de todos os apoios possíveis para tornar este sonho tão meritório realidade. Vamos todos apoiar!
Ana Montalvão

1 comentário:

Anónimo disse...

adoraria poder um dia comprar um objecto feito com a arte luzinha......... é muito emocionante